terça-feira, 24 de abril de 2012

Estaleiro EISA não preocupa comunidade de Coruripe

ÁREA DE MANGUE. Impacto ambiental provocado por construção do Eisa não preocupa comunidade
Audiência vira ato pró-estaleiro
Fonte : Por: PATRÍCIA BASTOS - REPÓRTER
Coruripe – A audiência pública para discutir com a população o impacto socioambiental da instalação do Estaleiro Eisa Alagoas, em Coruripe, ocorrida na noite da última quinta-feira, se transformou em um ato pró-estaleiro. A grande maioria – populares, representantes de entidades e associações e políticos – que se manifestou durante a audiência declarou apoio e se mostrou ansiosa pelo início das atividades do empreendimento, minimizando os efeitos do desmatamento de mais de dois milhões de metros quadrados, incluindo uma área de 54 hectares de mangue.

“Quero trabalho no estaleiro para meus filhos e netos, e também que eu possa vender minhas ostras para os trabalhadores do estaleiro”, afirmou Rosedith Ferreira Lessa, integrante da cooperativa de ostreicultores Aobarco. Assim como ela, muitos moradores de Coruripe afirmaram que a possibilidade de geração de empregos para a região é mais importante que o impacto ambiental. “Querer o estaleiro é o mesmo que querer o desenvolvimento para o nosso município. Os 1.200 pescadores do município vivem hoje em condições precárias e os filhos deles, quando terminam os estudos, ficam sem opções de trabalho, mas isso vai acabar com a chegada do estaleiro”, declarou o presidente da Côlonia de Pescadores Z10, Francisco Roberto Marinho.

O deputado estadual João Beltrão e o deputado federal Joaquim Beltrão também se manifestaram favoráveis à instalação da indústria de construção naval. Em relação à supressão da área de manguezal, João Beltrão chegou a dizer: “prefiro ver todos os caranguejos mortos do que ver meu povo morto de fome”.

A audiência pública, que aconteceu no pátio de uma escola no povoado Pontal de Coruripe, é uma das etapas necessárias para que o Ibama conceda licença ambiental para o empreendimento começar a ser construído. Segundo Gisela Damm Foratini, diretora de Licenciamento Ambiental do Ibama, o instituto tem seis meses para analisar e decidir sobre o pedido do Eisa Alagoas, que foi enviado dois meses atrás. Vencida a etapa da audiência, o Ibama ainda dá prazo de duas semanas para que a população e entidades encaminhem sugestões e argumentos sobre o estaleiro.

Um dos poucos que demonstraram preocupação com o impacto para o meio ambiente e para a cidade foi o engenheiro civil aposentado Gilmar Conde de Paiva, que chegou a ser vaiado em alguns momentos, mas que terminou sua fala aplaudido. “Os impactos são muito grandes e acho, nesse primeiro momento, que a grande maioria dos trabalhadores será de fora, que trarão com eles os problemas comuns das cidades grandes como a criminalidade, a droga e a prostituição. É preciso garantir que isso não aconteça para que o benefício seja completo. Com o aumento populacional podemos passar por problemas também de saneamento e energia, por exemplo”, disse.

O prefeito de Coruripe, Marx Beltrão, respondeu dizendo que não existe risco de favelização e falou sobre obras que estão sendo executadas para reforçar os serviços públicos, como o aumento de leitos hospitalares com a ampliação do hospital e a construção de uma subestação de energia, que está sendo articulada junto à Eletrobras.

“Nosso município é o segundo melhor do Estado em termos de Educação, segundo o Ideb [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica], 100% da cidade tem água encanada e teremos o melhor hospital do interior. Temos uma grande unidade do Senai e projeto para instalação de escola técnica federal. O povo não vai querer mais ficar enfiando a mão no mangue se tiver outra oportunidade de emprego”, ressaltou. ‡

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