terça-feira, 19 de agosto de 2014

EISA : A Crise do Eisa é novo obstáculo à implantação do Estaleiro em AL


Foto: JOSÉ FEITOSA - ARQUIVO GA
Coruripe foi o local escolhido pelo Grupo Synergy para a instalação do estaleiro Enor em Alagoas
Foto: JOSÉ FEITOSA - ARQUIVO GA

Por: MILENA ANDRADE - REPÓRTER
O Grupo Synergy, do empresário German Efromovich, enfrenta uma grave crise no seu estaleiro Eisa, no Rio de Janeiro. Cerca de 3 mil trabalhadores estão em férias coletivas e com os salários e cartão-alimentação atrasados. A situação foi classificada como ‘dramática’ pela imprensa especializada, que também noticiou que o investidor do Enor (Estaleiro do Nordeste) em Alagoas está na Europa tentando finalizar a venda do empreendimento fluminense.

A empresa de Efromovich nega a possibilidade de fechamento do estaleiro no Rio de Janeiro e promete pagar a folha atrasada ainda este mês, independente da venda. A crise também não negada pelo grupo é atribuída a um grande contrato fechado com a estatal venezuelana de petróleo PDVSA, que encomendou 10 navios e não honrou os pagamentos.

O Eisa, situado na Praia da Rosa, no bairro da Ilha do Governador, segue com as operações paralisadas há mais de 30 dias. Além desse polo de construção naval, o Grupo Synergy atua no setor aéreo com a empresa Avianca, e na exploração de petróleo. O conglomerado ainda é dono do estaleiro Mauá e do ainda virtual Enor, em Coruripe, Litoral Sul de Alagoas.

A crise em solo fluminense com possibilidade de venda do Eisa pode atrasar ainda mais e complicar a implantação do estaleiro alagoano, empreendimento com custo previsto em R$ 2,2 bilhões. O status do empreendimento apresentado como uma espécie de ‘redenção’ do Estado pela atual gestão é de espera pela licença ambiental definitiva pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ‘novela’ enfrentada há três anos pelo governo.

A paralisação das atividades, a dívida e a tentativa de venda do Eisa surgem como novos obstáculos aos inúmeros já enfrentados para a concretização do bilionário estaleiro de Alagoas, que acabou se transformando na promessa não realizada mais emblemática do segundo mandato de Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Além de toda a repercussão negativa no mercado que certamente irá contaminar os outros negócios do Synergy – vide o que ocorreu com a OGX e as outras empresas de Eike Batista –, o Fundo da Marinha Mercante, que seria a fonte financiadora do projeto em solo alagoano, vai pensar duas vezes antes de aprovar crédito para a construção de um novo estaleiro por um grupo que enfrenta crise no mesmo ramo de negócio.

Para completar, o setor de construção naval no País não vive um bom momento, como afirma nota recente do Sindicato da Construção Naval (Sinaval) em informe da entidade. “Embora a Petrobras confirme adesão à política de conteúdo local, apesar da transferência para estaleiros da China de parte das obras, as estatísticas demonstram a grande redução da construção local de navios de apoio marítimo. Estaleiros implantados para atender a essa demanda sofrem com a redução de encomendas e a perda de postos de trabalho já aparece nas estatísticas”, diz o editorial da entidade.

OTIMISMO TUCANO

Questionada sobre a situação de quase insolvência do estaleiro que tem como dono o mesmo German Efromovich do Enor de Coruripe, a Secretaria de Planejamento, Orçamento e Desenvolvimento Econômico (Seplande) responde com um otimismo quase surpreendente. O secretário adjunto, André Paffer, diz que, assim que soube da crise no Rio, entrou em contato com um dos diretores do Grupo Synergy e ouviu como resposta que os problemas enfrentados no Eisa não afetarão o investimento em Alagoas.

Segundo a secretaria, nada muda por aqui e o cronograma de implantação do Estaleiro do Nordeste (Enor) segue dentro do prazo. A análise para liberação das obras está com o Ibama e há uma expectativa de que a autorização saia nas próximas semanas. Se tudo isso acontecer, as obras serão iniciadas em 60 dias após a licença ambiental definitiva.

Essa é mais uma das dezenas de previsões feitas pela Seplande para a obtenção da licença de implantação do Enor. A última foi feita no início do ano após encontro entre o governador, o presidente do Ibama, Volney Zanardi, e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. A expectativa era que tudo estivesse resolvido em abril passado e as obras iniciadas em junho.

Novamente, a licença não saiu e o projeto segue na virtualidade de que seja o maior empreendimento da história de Alagoas. Enquanto isso, a expectativa da população pela criação de dez mil empregos se avoluma na mesma medida em que os obstáculos à implantação do Enor. ‡


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