Fonte : DIARIO DE PERNAMBUCO ECONOMIA
Rosa Falcão
Somente no primeiro semestre,região recebeu 2.517 pessoas de fora para trabalhar em várias atividades
Indústria naval é um dos segmentos que atraem estrangeiros em busca de oportunidades
longe da crise
Crise
econômica com desemprego em alta nos países da Zona do Euro. Falta de
mão de obra qualificada em áreas estratégicas aqui no Brasil. Esses
dois ingredientes estimulam a corrida de estrangeiros em busca de
ocupação no país. Até junho deste ano, o Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) autorizou a entrada de 32.913 interessados em trabalhar em
terras brasileiras. Esses profissionais já somam 2.517
no primeiro semestre na Região Nordeste. Em Pernambuco são 357
“gringos” só nos seis primeiros meses do ano espalhados em vários
setores de atividades.
Norte-americanos,
holandeses, ingleses, indianos, portugueses, alemães, espanhóis,
argentinos, japoneses e tantas outras nacionalidades. Os idiomas
se misturam com o sotaque nordestino. Além dos salários entre 30% e 40%
mais altos comparados ao país de origem, o custo de vida mais baixo, o
clima quente e a hospitalidade atraem os estrangeiros. No ano de 2011
foram autorizados pelo MTE 472 vistos de trabalho
para pessoas de outros países em Pernambuco. Esse número poderá dobrar
nos próximos anos com a operação da Refinaria Abreu e Lima e o início da
produção da fábrica da Fiat, em Goiana.
O
diretor de capital humano da consultoria Ernest Young, Lenie Ah-Time,
diz que o aumento dos investimentos em Pernambuco está atraindo os
estrangeiros.
Além disso, a Europa enfrenta a saturação de mão de obra que migra para
outros continentes em busca de emprego. Em julho, o desemprego bateu o
recorde de 18 milhões de pessoas nos 17 países que usam a moeda única, o
euro.
Segundo
o executivo, as oportunidades estão nas empresas instaladas no Complexo
Industrial Portuário de Suape, em especial na indústria naval, na
área de energia eólica e no setor automotivo. Ele acrescenta que os
profissionais são de nível técnico e superior com visto temporário, e
dependendo do tipo do projeto, a autorização pode ser renovada. “Existem
aqueles que vêm a longo prazo para ocupar cargos
de nível gerencial e de chefia”.
Além
de conseguir emprego, os estrangeiros têm o nível salarial maior do que
os nativos, sem contar com o pacote de benefícios indiretos que
diferencia
a remuneração. De acordo com o executivo da Ernest Young, dependendo do
nível gerencial, país de origem e escolaridade, a remuneração pode ser
40% maior. A consultoria tem escritório em Pernambuco e entre as áreas
de atuação está o planejamento da contratação
de mão de obra estrangeira para as empresas que pretendem se instalar
no estado.
Oportunidades e bons salários
Ela
tem dupla cidadania: italiana e brasileira. Fez o curso de graduação em
inglês e teologia nos Estados Unidos. Construiu a carreira em várias
empresas norte-americanas do setor financeiro. Até a avalanche
financeira atingir os EUA em 2008 e lhe tirar o emprego. Adriana
Ruspolli decidiu voltar ao Brasil em busca de oportunidades. Depois de
garimpar em algumas empresas no Sudeste, ela se instalou
no Recife, onde ocupa a função de assessora de relações internacionais
do Grupo Ser Educacional.
“A
experiência que tive lá fora foi importante, porque aqui falta mão de
obra. Coincidiu que eu tenho a qualificação que a empresa precisava”,
diz.
Adriana faz os contatos com as empresas dos Estados Unidos e de outros
países que se interessam em manter intercâmbio com o Grupo Ser
Educacional. “A remuneração no Nordeste está melhorando para quem vem de
fora, mas ainda está abaixo de São Paulo e do Rio
de Janeiro”, confere.
A
tradutora argentina Raquel Basto, 46 anos, migrou da Argentina para o
Brasil para desenvolver um projeto social. Quando chegou no Recife não
quis
mais sair. Hoje ela trabalha como tradutora na área internacional da
MV, empresa de tecnologia. “Estou trabalhando no desenvolvimento de
sistemas em espanhol para ajudar a empresa a entrar no mercado
internacional”. E completa: “Aqui há duas vantagens, que
são o salário melhor e o custo de vida menor”.
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